Em 2012 escrevi um artigo sob o título “Demitir é mais fácil” - http://halfen-mktsport.blogspot.com.br/2012/02/demitir-e-mais-facil.html, no qual abordava aspectos ligados à cultura de se demitir treinadores aplicando uma análise baseada no universo corporativo.
Dessa vez, ao invés de focar os aspectos relacionados à demissão, pretendo questionar se a contratação de um novo treinador ou gestor como forma de substituição é a decisão mais acertada.
Adianto que não há uma resposta absoluta para esse questionamento, pois o sucesso depende fortemente da qualidade da equipe e da compatibilidade de cultura.
De nada servirá contratar o melhor técnico/gestor do mundo, se a equipe que lhe será dedicada for fraca. O histórico, tanto de empresas como de times, nos mostra inúmeros casos de líderes com passado de sucesso que amargaram fracassos quando se transferiram para outras instituições.
Acrescente-se à característica da instituição, a cultura da mesma, da qual fazem parte os executivos que o líder deverá se reportar.
Assim, caberia ao técnico ou ao gestor conhecer a equipe, a cultura e estabelecer as necessidades para depois negociar o grau de autonomia e o prazo que necessita para cumprir os objetivos que lhe são determinados. Caso não haja um acordo nesse sentido, o melhor a fazer é recusar a proposta, já que as chances de um líder se sobressair a um sistema tende a zero.
Apesar de o histórico avalizar essa “previsão”, não é o que costuma acontecer na prática, onde tanto executivos como técnicos acham ser possível superar o sistema através de suas habilidades. O que é um grande erro, pois mudar uma estrutura requer muito mais do que qualidades gerenciais/operacionais, requer, sobretudo, tempo e uma conjuntura favorável à mudança de cultura.
Diante do exposto, o famoso questionamento se técnico ganha jogo ou se um líder é capaz de fazer com que a equipe dê resultados é facílimo de responder: pode ser que sim, porém dependerá do prazo que se tem para trabalhar e dos recursos para escolher e/ou treinar as pessoas certas. Se a pressão pela falta de performance não for respaldada pelo contratante, nem adianta tentar.
Todavia, se alterarmos o questionamento para se técnico perde jogo ou se o gestor pode influenciar negativamente o resultado, a resposta é totalmente afirmativa, pois, por mais que o “sistema” esteja “redondo” e a equipe seja boa, um líder ruim é capaz de colocar tudo a perder, pois não saberá escalar, motivar, avaliar nem traçar estratégias, o que leva a desintegração da equipe.
O ideal quando se trata de empresas, seria ter acesso às informações sobre a equipe e sobre seus reportes antes de se aceitar o desafio. Mesmo porque, o discurso do contratante tem a capacidade de encantar até os mais experientes executivos, tamanha a atmosfera criada pela esperança de bons resultados com a mudança sugerida. Contudo, reconheço que tal condição beira a utopia, sendo mais adequado tentar se despir do ego inflado com o convite e ponderar com total isenção sobre os pontos envolvidos.
Já no caso do técnico de futebol é mais fácil, pois além de se ter acesso às partidas dos jogadores, os aspectos relativos à personalidade destes e até dos dirigentes é disseminado pelos que lá já estiveram, bastando assim alguns poucos telefonemas para se informar a respeito.
Enfim, tão importante quanto recrutar um líder é lhe disponibilizar os recursos solicitados.
Parabéns Idel, bastante sensato.
ResponderExcluirObrigado, Lula!
ResponderExcluirAbraço