terça-feira, 19 de junho de 2018

A palavra tem poder? Deveria ter

O Congresso da FIFA que decidiu a escolha da sede da Copa do Mundo de 2026 deixou o Brasil em uma situação bastante constrangedora. Isso porque o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, após ter se comprometido a votar na candidatura "EUA/Canadá/México" e tendo inclusive assinado um documento referendando essa posição, resolveu na hora "mudar de ideia" e apoiar a candidatura de Marrocos, a qual perdeu a eleição. 
Evidentemente que é um direito de cada um fazer suas escolhas, concordemos ou não com elas, porém, mudar o que foi acordado é, no meu modo de ver, uma atitude deplorável, mesmo porque sempre há a possibilidade de não se comprometer previamente. 
Por ser contra linchamentos, inclusive virtuais, não focarei meus argumentos na pessoa, e sim no ato que, infelizmente, se faz presente a todo o momento do nosso cotidiano, muitas vezes em situações aparentemente simples como cumprimento de prazos e horários, onde a parte infratora provavelmente infere que seu tempo é mais valioso do que os dos demais e assim pouco se importa se a outra parte terá algum compromisso depois ou se cancelou algo para estar pontualmente cumprindo o que foi combinado. 
Ah, mas um atraso não é tão grave assim. Pode ser que não seja, mas conceitualmente é o mesmo processo, pois se combinou algo previamente que não foi cumprido. 
Tenho claro em minha visão que a palavra é o ativo mais importante que se possui, visto ser perene e depender da própria pessoa para que seja mantido, ao contrário, por exemplo, da saúde e do patrimônio. 
Daí ser difícil entender a razão que leva as pessoas a abrirem mão desse ativo como se nenhuma importância tivesse. Pensando bem, a razão para não se cumprir a palavra parece estar ligada à priorização dos interesses particulares de curto prazo. 
Pascácios! Caso dessem tanto importância aos benefícios para si saberiam que o mundo gira e que o egoísmo e a ingratidão não são esquecidos. Assim como não é esquecido aquele que não honra a própria palavra. 
No caso da votação para a sede da Copa, a situação ficou mais grave em função de três fatores: 
  • Maior repercussão, já que a mídia divulgou massivamente. 
  • Jogou o nome do país num terreno lamacento que pode se refletir em vários outros setores da sociedade. É importante haver a consciência de que ao se representar uma empresa ou qualquer tipo de instituição, as falhas deixam de ter caráter individual. 
  • Ter ocorrido no meio esportivo que, em tese, deveria ser um ambiente responsável pela formação de cidadãos e pela consolidação de princípios e valores nobres.
Enfim, mais um péssimo exemplo advindo de um setor carente de credibilidade que, se antes precisava convencer aos potenciais investidores/patrocinadores que dava retorno, agora pode ter que garantir que cumpre acordos e contratos.



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