terça-feira, 5 de maio de 2020

Depois da quarentena


O momento pelo qual passa o mundo tem sido muito difícil, quase tudo mudou.
Incertezas, inseguranças e medos passaram a habitar a mente de todos. Quando isso vai acabar? Como as coisas vão ficar?
Esses questionamentos, além de estarem frequentemente no pensamento da população de forma geral, têm para os executivos de marketing um papel fundamental para a elaboração de suas estratégias, visto a função que exercem ter estreita relação com o comportamento dos consumidores e a antecipação aos seus movimentos.
Os hábitos irão efetivamente mudar?  É de se esperar que haja, mesmo após o fim da pandemia, uma atenção maior à higiene? Além do raríssimo álcool gel, outros produtos como sabonetes e mais itens voltados à limpeza passarão a ter o mesmo peso na cesta do consumidor?
Caso esse cenário se realize, o que será deixado de consumir para dar lugar aos produtos desta categoria? Ou, por acaso, se espera gastos efetivamente maiores implicando numa necessidade maior de crédito para os que não têm poupança e diminuição dessa para os que têm?
Ficar em casa mais tempo com a família estará mais incorporado ao cotidiano, redundando assim numa diminuição nas atividades externas de lazer? Por outro lado, há que se considerar a possibilidade de a quarentena ter despertado o desejo de explorar o quanto antes os “prazeres” que as diversões represadas oferecem.
E os hábitos relacionados ao acesso à informação e lazer doméstico?
As empresas continuarão a ter os mesmos concorrentes? Quais sairão? Quais entrarão?
O varejo tradicional continuará a ser o principal canal de vendas ou o e-commerce aumentará ainda mais seu quinhão?
A todas essas dúvidas ainda podem ser acrescentadas as que versam sobre a duração dos novos comportamentos. Serão eles tendências ou modas?
Haverá, sem dúvida, espaço para as empresas influenciarem de alguma forma tais decisões, sendo o marketing aqui uma ferramenta essencial, pois caberá a ele direcionar o posicionamento de produtos e marcas, assim como deixá-los atrativos, acessíveis e com um preço competitivo que proporcione lucratividade à empresa. A própria comunicação terá um papel de suma importância nessa retomada.
O grande desafio consistirá em identificar esse comportamento com relativa antecedência, visto que os sentimentos e necessidades que agora afloram podem vir a mudar na medida em que a suposta normalidade volte a imperar.
Digo “suposta”, pois o próprio padrão de “normalidade” pode ter se alterado. 
Vai saber.
Até o grau de memória - ou seria gratidão? - da sociedade entra no rol das dúvidas. Exemplificando: as marcas que estão tendo posturas exemplares no papel de cidadãs, reforçando seus propósitos para um mundo melhor, serão lembradas por isso e como tal priorizadas nas decisões de consumo futuras? Ou serão preteridas por outras que, oportunamente, oferecerão promoções “irresistíveis”?
Para deixar o desafio ainda mais difícil, não há nenhum histórico que sirva como base para a elaboração das projeções.
Claro que isso tudo vai passar e que todos nós nos adaptaremos ao futuro, o qual, aliás, pode ser exatamente igual ao passado. Penso, no entanto, que as corporações com áreas de marketing bem estruturadas e mais ágeis na captação e interpretação das corretas informações sobre o mercado - consumidores, concorrentes, fornecedores, canais de venda, etc. - e o cenário macroeconômico, tendem a ter resultados melhores e mais rápidos.






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