Num cenário em que as redes sociais ganham cada vez maior participação no cotidiano e se tornam plataformas de informações - muitas delas mentirosas -, a imprensa tradicional tem uma excelente oportunidade de assumir seu protagonismo.
A leitura rápida do parágrafo anterior pode fazê-lo parecer paradoxal, afinal, é de se esperar que as dificuldades em se destacar sejam maiores em ambientes com muitos concorrentes. Contudo, essa inferência só seria verdadeira se os concorrentes possuíssem posicionamentos mercadológicos atrativos, o que não acredito que ocorra nesse caso, ou seja, não parece ser razoável supor que alguém em sã consciência procure como fontes de informação algum meio /veículo que propague inverdades. Até admito que existam pessoas que busquem tais mentiras para virem a ter argumentos em discussões rasas, mas esse público pode – e deve – ser descartado, pois, além de não terem a característica de clientes fiéis, seria preciso publicar conteúdos de acordo com suas respectivas predileções, ainda assim correndo o risco de desagradá-los caso a notícia não viesse com a carga de contundência que esperam. Acrescente-se a isso, o fato de que tais “informações” estariam desagradando aos que estão do outro lado da discussão e aos que querem fatos, não versões tendenciosas.
Buscando assim o público, digamos, racional, caberia à imprensa tradicional vir a se posicionar como um órgão que, independentemente dos fanáticos, busca trazer a verdade e um conteúdo confiável.
E nesse caso, não basta uma campanha de comunicação exaltando essa característica, precisa também mostrar isenção nas manchetes/chamadas, ainda que haja espaço para as opiniões nos editorias e nos textos dos colunistas.
Outro cuidado que precisa ser tomado, e isso se faz urgente, é a escolha das fontes que municiarão os jornalistas sobre determinados assuntos. Não se pode esperar que os profissionais conheçam todos os temas que desenvolvem com a profundidade de um especialista, daí a necessidade de se procurar boas fontes para alimentar sua reportagem.
Infelizmente, isso não é o que vem acontecendo, e para ilustrar essa afirmação uso o tema “ gestão esportiva” como exemplo, onde as fontes são escolhidas em grande parte das vezes pela popularidade conquistada, ao invés da capacidade. Pode aqui surgir como defesa para a infeliz escolha a ignorância do jornalista, peço perdão por não aceitar tal argumento, visto que não estou falando de assuntos com alta complexidade ou de caráter opinativo, mas de coisas básicas onde basta pensar para ver que o que está sendo dito não faz o menor sentido, daí, se o jornalista não tem esse poder discernimento, é melhor que não escreva sobre o tema ou que procure outra profissão.
Ainda como justificativa de defesa para esse tipo de repórter, poderia ser incluída a necessidade de ter um nome mais conhecido para dar visibilidade à matéria, o que é razoável supor. Entretanto, penso que os meios de comunicação deveriam ter como premissa básica prestar a informação correta e educar, o que pressupõe colocar a credibilidade à frente da popularidade.
E mesmo que deixássemos de lado os aspectos éticos da imprensa - o que seria um absurdo sequer ponderar, quanto mais admitir – há de se contemplar o aspecto mercadológico, ou seja, a credibilidade das informações é uma excelente forma para a imprensa se diferenciar da concorrência das redes sociais e, quanto mais sério for o veículo, maior a chance de ele se apoderar desta liderança em termos de posicionamento da categoria.
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