terça-feira, 25 de agosto de 2020

Alugar ou comprar?

Dentre os reflexos da pandemia, nos deparamos com a notícia de que a Rent the Runway, start up de aluguel de roupas, está desacelerando seu processo de expansão, na verdade, está até fechando algumas lojas.
Os motivos que levaram a essa condição são vários, dentre os quais destacamos: (i) o aluguel de objetos pode causar algum tipo de insegurança quanto aos riscos de contaminação; (ii) as pessoas estão com menos necessidades de roupas; (iii) a economia ainda não decolou. 
Aproveitamos a situação da Rent the Runway para desenvolver um tema que,  mesmo antes da pandemia, vinha gerando boas discussões: "alugar ou comprar?"
Num passado não muito distante a resposta para essa pergunta já não era fácil, pois dependia do perfil da pessoa responsável pela decisão, da disponibilidade de recursos, da faixa etária, dos preços, do momento político-econômico e até de aspectos culturais.
Porém, com o desenvolvimento da sociedade novos hábitos foram criados, o que fez com que a oferta de produtos para serem alugados – ou compartilhados, como queiram - subisse de forma exponencial. 
Além de carros, que passam a ser alugados também para o dia-a-dia e não apenas para viagens, é possível encontrar “clubes de assinatura" das mais variadas categorias como: brinquedos educativos (PiñataVerde), onde há também a opção de comprá-los, equipamentos de câmeras como drones (Parachut), joias (Rocksbox) e até barcos e iates (Antlos), entre outros.
Chamava a atenção o mercado de roupas, onde as pessoas estavam abrindo mão de serem proprietárias de peças para alugá-las, e aqui não nos referimos apenas àquelas em que a utilização é esporádica. 
Nessa categoria as causas estavam relacionadas a dois fatores: a crescente busca por aparecer com roupas diferentes, o que vem aumentando em função das redes sociais, e a maior conscientização das pessoas acerca dos aspectos de sustentabilidade.
A Rent the Runway, que citamos no início do artigo, chegou a fazer uma parceria com a Marriott International, mais precisamente com uma de suas marcas: a W Hotels. Através dessa parceria os hóspedes dessa rede poderiam usar as roupas da Rent the Runway pagando uma taxa de US$ 69, o que se apresenta como uma vantagem para os que pretendem viajar com poucas malas, além do que, evitaria despesas adicionais em companhias aéreas, principalmente as de low cost que costumam adicionar aos preços das passagens os custos do transporte de bagagens.
Além dessa iniciativa, a Rent the Runway (RTR) estava direcionando esforços para outras categorias, tais como artigos para o lar e roupas para crianças. Esse movimento da RTR acabou provocando a reação de marcas que até então atuavam apenas como revendedoras e que passaram a explorar também plataformas de aluguel, entre essas estão: a Banana Republic da Gap e a Urban Outfitters. Na época se comentava que a sueca Ikea se preparava para entrar também nesse segmento.
Outro ramo que promete atrair novos players é o de veículos, onde as próprias montadoras devem disputar o mercado de locação com as tradicionais locadoras, hoje suas principais clientes.
O mais curioso nesse mercado é que as ofertas não estão/estavam sendo dirigidas necessariamente às classes sociais menos privilegiadas, que em função da menor disponibilidade de recursos têm, em tese, maiores restrições orçamentárias para eventuais aquisições. 
Na verdade, o mercado está sempre buscando satisfazer questões comportamentais, fato que nos leva a crer que categorias que jamais foram cogitadas como passíveis de terem produtos compartilhados estarão participando desse mercado em breve, ou melhor, após o fim da pandemia e seus sustos.






Um comentário:

  1. Amigo Bruno
    Obrigado pelo comentário e por enriquecer o texto com sua experiência.
    Considero o "desapego" um problema cultural, ou seja, há países que se acostumarão mais rapidamente a essa tendência.
    Acredito que esse processo vinha numa velocidade bem significativa, no entanto, a pandemia o fez desacelerar.
    Vamos aguardar.
    Abração

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