terça-feira, 15 de setembro de 2020

Parabéns, US Open?


A edição corrente do Grand Slam dos Estados Unidos trouxe como um dos fatos mais comentados a desclassificação do tenista Novak Djokovic, atual primeiro colocado no ranking e que busca ser o maior vencedor de torneios dessa magnitude.
A desclassificação teve como causa o arremesso de uma bola na direção de um dos juízes, valendo salientar que, sem força e, provavelmente, sem a intenção de atingir.
Como a regra preconiza a eliminação, não obstante de intenção e/ou intensidade, não houve apelação, apesar da comoção causada.
As redes e as rodas de bate-papo, é claro, promoveram debates interessantíssimos, onde alguns criticaram a organização pelo suposto exagero, enquanto outros aplaudiram a decisão. 
Os que não entendem que o esporte é um efetivo agente de formação protestaram, argumentando que a saída da principal atração prejudicaria o torneio e, consequentemente, patrocinadores e telespectadores. 
Na realidade, os patrocinadores devem ter ficado até satisfeitos por constatarem que estão investindo em um evento que preserva o respeito ao que se é acordado acima de tudo.
A “não desqualificação” do sérvio abriria um precedente perigosíssimo, corroborando assim para a tese de que leis e regulamentos não se aplicam a todos, isso sem falar nos riscos para a credibilidade do torneio.
A propósito, é bem interessante observar as negociações que as pessoas conseguem realizar internamente para justificarem suas “predileções”, utilizando argumentos que jamais fariam uso se o beneficiado fosse um desafeto. 
Lembremos que no campeonato Brasileiro de futebol de 2013, a Portuguesa de Desportos escalou um jogador de forma irregular, o que redundou na perda de alguns pontos, os quais culminaram no seu rebaixamento. Nessa ocasião, e até hoje, vimos parte da imprensa, para não dizer a maioria, se posicionar contra o cumprimento do regulamento por esse, supostamente, beneficiar o Fluminense. Na verdade, o principal beneficiado seria outro clube que também tinha utilizado um jogador em desacordo com o regulamento, mas aparentemente foi mais cômodo - ou lucrativo - para alguns jornalistas e torcedores distorcer e ocultar a realidade.
Independentemente do ambiente, é vergonhoso ver defensores do descumprimento de leis, sendo que no caso do esporte, é ainda pior.
No episódio do Djokovic, chama também a atenção ver pessoas exaltando a decisão do torneio, isto é, enaltecendo o cumprimento do regulamento, o que não deveria ser algo tão espetacular assim, afinal isso não passa de uma obrigação.
O que ocorre é que diante de inúmeros casos de não cumprimentos de leis, ou de interpretações das mesmas que venham a beneficiar os “mais favorecidos”, a atitude da organização acabou ganhando elogios, ao invés de reconhecimento. 
Um sinal bastante claro de que princípios e valores correm sérios riscos nos dias atuais.












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