Na premiação de uma das etapas do circuito Banco do Brasil de vôlei praia, a jogadora Carol Solberg, de posse do microfone para falar sobre assuntos referentes à competição, gritou: “fora Bolsonaro!”.
O ato, evidentemente, gerou os mais diversos tipos de reação. A CBV - Confederação Brasileira de Voleibol - se manifestou contra o ato, o “fla x Flu” político voltou a se aquecer e a atleta foi julgada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que decidiu puni-la com uma advertência.
Os defensores da atitude da jogadora exaltam a liberdade de expressão para justificar o protesto, já os que a atacam alegam que o regulamento não permite tal tipo de atitude.
Alegaram ainda que a atleta era patrocinada pelo Banco do Brasil, o que não era verdade, apesar de que, indiretamente, a existência do banco como patrocinador da modalidade, permite que ela dispute competições e receba premiações.
Antes de passar para uma análise calcada no marketing, objeto do blog, vale questionar se os defensores e ofensores do ato teriam a mesma postura se o grito fosse “fica Bolsonaro”.
Não temos a resposta, mas podemos inferir que muitos mudariam de opinião, vide o que aconteceu quando atletas dessa mesma modalidade fizeram gestos exaltando o atual presidente e os que são hoje contra a atitude da Carol permaneceram calados.
Acho que também não cabe discutir aqui o direito de o atleta se expressar politicamente, afinal, independente da posição que se ocupa, isso deveria ser facultado a todos, cabendo apenas a discussão em termos do local para isso.
E aqui chamo a atenção para algo que não tem sido comentado: o fato de a Carol ter se utilizado do marketing de emboscada ou ambush marketing, pelo qual se obtém proveito publicitário sem se pagar pela aquisição direta daquele direito. Antes que tentem levar para o lado político, alerto que os jogadores que fizeram gestos exaltando o candidato à presidência na época cometeram o mesmo tipo de deslize.
Quanto ao direito de expressão, concordo que seria um ato de censura se a atleta não pudesse usar suas redes sociais ou mesmo responder a questões sobre política nos órgãos de imprensa.
Já as menções ao patrocínio do Banco do Brasil, uma empresa que muitos citam como estatal, mas que na verdade é de economia mista, podem vir a fazer algum sentido pelo lado de associar a marca à política, o que não seria interessante para qualquer empresa, independentemente da composição acionária.
Mas volto a dizer que o principal problema está ligado ao ambush marketing, pois nada garante que numa próxima vez algum atleta não possa pegar o microfone para gritar o nome de uma marca ou fazer algum gestual. A propósito, não nos esqueçamos das continências feitas pelos atletas militares nos pódios.
Reforço que o presente texto não tem como intuito julgar a atleta, tampouco as preferências sobre a permanência ou não do presidente, a ideia do artigo é meramente chamar a atenção para o marketing de emboscada, que se constitui num perigoso ofensor à entrada das marcas no esporte.
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