terça-feira, 23 de março de 2021

Red Bull no Walmart ou Walmart na Red Bull

 
As notícias envolvendo patrocínios chegam a ser rotineiras para aqueles mais atentos ao mercado de forma geral, sendo que, talvez, a maior curiosidade acerca destas transações esteja relacionada aos valores envolvidos, os quais muitas vezes não são revelados de forma clara e oficial.
Há, no entanto, um ótimo exercício a ser feito para os que atuam neste mercado e/ou que são estudiosos de marketing: refletir sobre os benefícios, oportunidades e ameaças que possam estar envolvidos nas parcerias. 
Nesse contexto, o anúncio do patrocínio do Walmart à equipe Red Bull de Fórmula 1, nos brinda com um interessante tema para reflexão, principalmente por se tratar de algo inédito.
Os valores do contrato não foram revelados, mas sabe-se que a rede varejista terá sua marca exposta nos carros e comercializará o energético em seu site. Estrategicamente falando, a Red Bull passa a ter maior penetração no mercado americano, face à liderança do Walmart, enquanto a rede varejista ganha maior representatividade no mercado mexicano, visto a escuderia ter um piloto dessa nacionalidade na equipe.
Analisemos agora pelo lado da operação "indústria & varejo", valendo ressaltar que estamos falando em tese, pois não conhecemos a abrangência do contrato, tampouco a relação da equipe de automobilismo com a gestão comercial e de marketing da marca de energético. 
Como já foi comentado, a Red Bull ao estreitar o relacionamento com o Walmart passa a usufruir de algumas vantagens, as quais, quem sabe, podem vir a propiciar condições comerciais melhores, tanto em termos de preço como de exposição. Por outro lado, não pode ser descartada a hipótese de sofrer algum tipo de problema nas redes varejistas concorrentes ao Walmart. Trata-se realmente de uma situação que dá margem a muitas divagações em função do ineditismo, mesmo porque não há muitos casos de marcas proprietárias de times e de equipes.
Reforçamos que o uso do termo “ineditismo” se deve ao inusitado da relação, já que as parcerias entre indústria e varejo costumam ocorrer com relativa frequência no que tange ao patrocínio, porém através de um modelo de negócio diferente, ou seja, o varejista adquire as propriedades de patrocínio, mas parte deste valor é bancada pela indústria.
Mas qual seria o interesse da indústria neste tipo de operação, já que é provável que sua marca não apareça em nenhuma das propriedades do patrocinado? As vantagens, digamos, diretas, se dão através de vendas maiores da indústria envolvida para este varejista, participação nos encartes promocionais e demais benefícios usuais no setor. Já as indiretas se baseiam na crença de que a iniciativa do investimento em patrocínio por parte do varejista trará um aumento do tráfego de clientes, maior consumo destes e, consequentemente, nas da indústria. 
É importante que se diga que este dinheiro destinado à operação costuma fazer parte de uma verba que a indústria contempla em seu orçamento voltada às ações com os principais varejistas, ou seja, o valor investido faz parte de algum tipo de realocação.
Como o valor do contrato não foi revelado, creio ser difícil ter os números das vendas do energético ou mesmo da categoria no Walmart, o que não nos permitirá avaliar o retorno da operação, nos restando assim, acompanhar o desempenho dos carros nas competições de automobilismo.







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