terça-feira, 6 de abril de 2021

Engajamento paga a conta?

Estar presente nas redes sociais conseguindo um alto de índice de engajamento é de fundamental importância para as empresas, porém, tais condições não são suficientes para o sucesso das marcas. Sendo bem pragmático: de nada adiantará um crescente número de engajamentos e seguidores se estes não vierem a consumir ou influenciar substancialmente a compra de produtos e/ou serviços das empresas.
A argumentação de que a marca pode vir  se valorizar com as iniciativas nas redes sociais é verdadeira e não pode jamais ser desprezada, contudo, deve ser ressaltado que tal valorização não é garantia de liquidez, tampouco serve para arcar com os custos da empresa no curto prazo.
O fato é que incomoda ver a utilização das métricas ligadas às mídias digitais servirem como uma espécie de “salvaguarda” ou maquiagem para os demais resultados da organização.
Esse enaltecimento exacerbado às redes sociais acaba mascarando muitas vezes os problemas das empresas, além de definir como principal objetivo do marketing o mero “bom desempenho nas redes sociais”, relegando a planos inferiores a importância da distribuição, da precificação, da qualidade dos produtos e do posicionamento, entre outros.
Mesmo na parte relacionada à divulgação, não é correto desprezar a utilização de outras mídias, pois sem elas torna-se mais difícil promover uma comunicação integrada e estratégica.
Outro ponto que carece de atenção é a má utilização das métricas, vide, por exemplo, a quantidade de “rankings” que são criados em termos de número de seguidores. Guardadas as devidas proporções, seria como medir o desempenho de um time pelo tamanho de sua torcida ou de um site de comércio eletrônico pelo número de acessos, mesmo que não convertidos em compras.
Claro que as condições enumeradas acima denotam um ótimo potencial de resultados, mas simplesmente se deitar nos louros desses grandes números e não procurar entender e explorá-los se constitui num preocupante desperdício de oportunidades, principalmente em um mercado que evolui em velocidade supersônica.
Ainda que o "modismo" possa ser apontado como uma das causas desse fenômeno, é preciso contemplar também que a sociedade passa por um processo de miopia, no qual se valoriza mais o chamado marketing digital ao invés de o marketing como um todo. 
Mesmo que não pareça razoável supor que a "parte" possa ser mais importante do que a "totalidade", tem sido bastante comum esse tipo de segmentação, a qual faz com que as ações digitais, e aqui não me refiro apenas à comunicação, ocorram independentes dos objetivos macros das organizações. Aliás, há um quadro ainda mais grave: aquele em que as empresas deixam de se utilizar de conceitos consagrados no “mundo físico” para desenvolverem versões “inovadoras” de operação, quando, na verdade, bastaria adaptar o que já existe às novas possibilidades e características.
Questão de ajustes, conhecimento e humildade, os quais certamente virão.






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