terça-feira, 15 de junho de 2021

Desculpe, prefiro não aparecer


Com a confirmação da Copa América no Brasil, um forte movimento se colocou contra o evento tendo como principais alegações: a pandemia e a insegurança em relação a novas ondas de contaminação.
Discutir se deveria haver o evento ou não, poderia derivar para discussões políticas, as quais certamente embasadas por fake news de ambos os lados, ou pior, por comparações rasas com outras competições que estão ocorrendo no país, ignorando variáveis como planejamento e valores envolvidos.
Assim, preferimos não fugir do objeto do blog, que é discutir marketing e gestão, e analisar a decisão de alguns patrocinadores que optaram por não terem suas marcas na competição, sem que isso interfira nos valores contratados.
Trata-se de uma decisão que deve ter deixado felizes todos os gestores de marketing, ou melhor, todos os gestores que efetivamente sabem o que é marketing e não compreendem o patrocínio como uma mera iniciativa de exposição de sua marca. Ao perceberem que esse tipo de operação visa também a associação entre as marcas, os responsáveis pela Mastercard, Ambev e Diageo, entenderam que não seria benéfico estar junto a um evento tão discutido, ainda mais em uma época em que o mercado encara os consumidores como seres humanos plenos, com mente, coração e espírito.
Antes que acusem os gestores das citadas empresas de “comunistas”, como virou praxe entre os que defendem incondicionalmente o presidente da república, convém elucidar que corporações deste porte baseiam suas decisões em pesquisas e estudos, ou seja, muito provavelmente avaliaram o cenário em termos de repercussão nas redes sociais e concluíram que o dano à imagem seria maior do que o prejuízo de pagar por algo que não irão usufruir, no caso, a aparição nas peças da competição.
É importante mais uma vez frisar que, por mais que um gestor tenha posicionamento ou preferência política, sua posição executiva não permite que as mesmas influenciem suas tomadas de decisões.
Pelo lado dos patrocinados, o prejuízo, como já foi dito, não se dá no âmbito financeiro de curto prazo, porém, há que se considerar que a ausência de marcas tão fortes pode gerar uma reação em cadeia dos outros patrocinadores, além de enfraquecer o conceito do co-branding, onde a marca agrega valor por estar associada à outra, isto sem falar de uma eventual não renovação de patrocínio.
O lamentável disso tudo é ver o esporte sofrer as consequências da política, o que faz com que a opinião quanto à realização ou não da competição fique restrita ao que o seu político preferido apoia, ao invés de se analisar a viabilidade de se executar algo sem o devido planejamento.
Outra opção dos "especialistas em tudo" seria não emitir opinião definitiva sobre algo que não dominam.




2 comentários:

  1. Eu aprendo muito com os seus artigos e aplico na minha atividade. O político deveria ter o mesmo apreço pela imagem pessoal que as marcas têm com as suas. Mas, nem sempre é assim. Talvez quase nunca.

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    1. Oi Jackson!
      Muito obrigado por sua mensagem. Penso que qualquer instituição, inclusive os políticos, deveriam ver a imagem como um ativo com grande potencial de valorização, basta saber gerenciá-lo.
      Abraço

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