terça-feira, 14 de setembro de 2021

O 7 de setembro sob o prisma de marketing

No presente artigo pretendemos mais uma vez demonstrar que todas as atividades, até as “não acostumadas” ao marketing, precisam de sua utilização, ressalvando o caráter científico da disciplina, ou seja, sem a visão distorcida de que marketing é apenas comunicação/divulgação.
Assim, usaremos a manifestação de 7 de setembro como ilustração do que iremos abordar.  Começaremos tentando decifrar os objetivos do evento, os quais, por mais que tenham encampado pautas altruístas ligadas ao “bem da nação”, buscavam certamente o aumento do número de eleitores, fãs e defensores do presidente, o que para grande parte dos participantes é realmente o bem da nação. Sem entrar no mérito de julgar a veracidade da relação de causa e efeito, temos que reconhecer a legitimidade do objetivo que, analogamente ao marketing de um produto/serviço, visa aumentar e manter clientes e defensores da marca de forma sustentável, além de fortalecer sua imagem.
Contudo, para a consolidação dessa defesa é fundamental que exista um argumento bem construído sobre os benefícios daquele produto ou, no caso, daquele candidato. Tal conjunto de atributos deve conter fatos verdadeiros que concedam reais vantagens competitivas à causa, além de predicados que sustentarão o posicionamento daquela “marca”, isto é, como será vista e percebida.
Evidentemente que, para esse processo ser o mais assertivo possível, é necessário definir qual público atingir. Alguns responderão prontamente: o público é toda população, o que não cabe discordância, mas como é impossível converter a totalidade desse universo, torna-se necessário identificar onde está o maior contingente de pessoas dispostas a ser “cliente da marca” e entender seus anseios.
Analisando o evento, é bem provável que a parte relativa ao público-alvo tenha sido executada a contento, vide a quantidade de pessoas que compareceram, todavia, não parece ter havido esforço suficiente na elaboração do discurso de posicionamento, embasa essa conclusão a incidência de respostas diferentes sobre a causa da manifestação: patriotismo, contra a corrupção, contra os desmandos dos demais poderes, contra alguns governadores, contra o preço dos combustíveis, pela intervenção militar, pelo impeachment de ministros, pelo apoio incondicional ao presidente, etc.
Geralmente quando se incute muitos benefícios a algo, se torna mais difícil defendê-los com a propriedade requerida, daí a importância de se escolher poucos, de forma a permitir o melhor equacionamento entre seu efetivo benefício/impacto e a construção de argumentações mais embasadas e menos contestáveis. Nas conversas com os manifestantes foi possível encontrar, por exemplo, pessoas culpando os governadores pelo aumento do combustível atrelando-o ao ICMS, sendo que esse não sofreu nenhum tipo de reajuste nos últimos tempos. Os próprios discursos contra a corrupção ficaram desguarnecidos em relação às réplicas envolvendo pessoas próximas do presidente.
Os aspectos relativos à comunicação tiveram dois grandes méritos: a utilização eficiente das redes sociais e a incorporação das cores brasileiras  à causa, o que a deixou bem associada ao orgulho da nação e ao patriotismo, ainda que muitos dos presentes tenham o amor pela pátria restrito à retórica. Por outro lado, pecou em não ter desenvolvido um posicionamento “claro” como já discorremos acima e também pelo fato de o presidente ter adotado um discurso “inflamado”, o qual deu margem a pressões que o fizeram voltar atrás.
Retroceder em discursos e promessas é sempre nocivo para qualquer “marca”, pois, por mais que se trate de uma correção à explanação original, ela implica na possibilidade de deixar decepcionados alguns fãs que “compraram”, acreditaram e reverberaram aqueles argumentos, além de dar margem a duvidas quanto à sua credibilidade. Tais fatos corroboram para fortalecer a mensagem que o artigo quer passar: a necessidade de se analisar e planejar de forma estratégica o que será realizado e comunicado.
Para completar a relação de atividades ligadas ao marketing, falemos um pouco sobre a distribuição, no caso em questão: a escolha dos pontos disponíveis para a reunião de pessoas, o que envolve o dimensionamento da capacidade para receber o público, o acesso, o conforto, a visibilidade perante a mídia e a segurança. Excetuando, os eventuais problemas sanitários que podem ter sido causados pela aglomeração, os demais pontos foram muito bem atendidos.
Para finalizar, vale a reflexão sobre os resultados: é certo que a manifestação mostrou um enorme poder de mobilização, porém se esse será capaz de engajar novos “consumidores/eleitores/defensores” é difícil afirmar, até porque as pesquisas anteriores mostraram um quadro desfavorável ao presidente.
De qualquer forma, fica evidente que a correta adoção de conceitos de marketing facilita o planejamento de ações para se obter sucesso na disputa pelo "mercado".


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Adeus Amigo Lucky, o cachorrinho mais bondoso e alegre que eu conheci. Sua falta é e sempre será enorme.
Serve de consolo acreditar que lá em cima, agora efetivado como o anjo que sempre foi, você estará novamente brincando com todos aqueles que sabem o quão especial você é.
Que Papai e Maria cuidem bem do Luckynho e você deles.
Fiquem com Deus!





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