terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Gestão negacionista

Embora a palavra “negacionista” tenha ficado associada ao governo brasileiro e seus ferrenhos defensores, ela, na verdade, sempre esteve presente em vários setores da sociedade, inclusive no universo corporativo.
Talvez no passado ela fosse substituída por “teimosia”, mas pouca coisa mudou, a não ser o crescimento das redes sociais, capazes de permitir que as pessoas se “informem” e se “aculturem” pinçando artigos, muitos deles fora do contexto, ou de posts recebidos.
Antes de prosseguirmos, é importante deixar registrado que o direito à liberdade de pensamento deve ser sempre preservado, porém, sem que a honestidade seja relegada em prol de “se ter razão”.
Difícil precisar a origem dessa busca incessante em se ter sempre razão, aliás, nada contra esse objetivo, mas sim com os meios para atingi-lo. 
Teorias da conspiração, que por serem conspiratórias não podem ser provadas, proliferam no universo dos que fanaticamente querem impor suas convicções. O mais grave é que acreditam.
Generalizações também fazem parte do repertório, ao julgarem todas as pessoas de certo espectro como iguais em pensamentos e atitudes. Nesse caso esquecem que, agindo dessa forma, dão margem a serem também generalizados pelas outras partes.
Para finalizar a relação de artifícios para teses negacionistas, ou de busca pela razão, como queiram, precisamos citar a “interpretação conveniente”, que nada mais é do que “enxergar” de forma adequadamente distorcida alguma situação.
Transpondo para o universo corporativo, convido a refletirem sobre o número de vezes que nos deparamos com projetos ou ideias que são previamente rechaçados através da frase: “já tentamos isso antes” ou “aqui é diferente”.
O fato de se ter tentado antes não significa que a tentativa foi bem executada, tampouco que o momento era adequado. Além do que, muitas vezes uma visão "nova" é capaz de enxergar caminhos que as atribuições do dia a dia e as “verdades consolidadas” não permitem.
Já o argumento “ser diferente” é ainda mais risível, afinal, raríssimas coisas na vida são exatamente iguais. Nenhum ramo de atividade é igual a outro, nenhuma empresa, ainda que seja do mesmo segmento é igual a outra, e assim por diante. Aliás, a busca pela diferenciação é a base dos posicionamentos mercadológicos.
Apesar da fragilidade já demonstrada das citadas “táticas” para se ter razão, seria leviano afirmar que todas as conclusões que partem dessas práticas estão sempre erradas. Contudo, é fácil afirmar que na maioria das vezes está, o que se deve a uma única razão: a falta de embasamento, pois se assim houvesse, daria espaço ao contraditório, o qual é fundamental para se formar ideias.





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