terça-feira, 12 de abril de 2022

A guerra vai continuar

 
A guerra promovida pela Rússia contra a Ucrânia tem implicado numa série de sanções ao país invasor. Dentre elas estão as paralisações das atividades de algumas empresas multinacionais que atuam no território russo. Neste universo de corporações, podemos citar Adidas, Nike, Under Armour, Decathlon, Mc Donald’s e Ikea, entre outras.
Claro que a principal causa para tais paralisações diz respeito ao caráter, digamos, punitivo, que se pretende impor à Rússia, afinal, os princípios humanitários devem sempre se sobrepor a qualquer coisa. 
Mas ainda que tais princípios não fossem tão valorizados em alguma destas instituições multinacionais e, consequentemente, as medidas não fossem adotadas, as reações de antipatia em outras partes do mundo poderiam levar a protestos e boicotes que redundariam em prejuízos ainda maiores dos que os oriundos com a paralisação das operações em solo russo.
Deve ainda ser observado que a falta de insumos prejudicaria sobremaneira o funcionamento das empresas e respectivas vendas, de forma que a redução de alguns custos com o fechamento, tal como energia, por exemplo, ajudam a minimizar os prejuízos da operação. Além disso, no caso de franquias como o McDonald’s, onde a manutenção dos padrões estabelecidos é fator fundamental para o sucesso, uma eventual substituição de produtos coloca em risco esta condição.
Mas o que mais perplexidade tem causado neste cenário corporativo sob o efeito de guerra é a pouca atenção, para não dizer nenhuma, que as autoridades russas dão à propriedade das marcas.
Os casos de plágio se repetem a uma velocidade impressionante sem que haja nenhum tipo de impedimento, ao contrário, como forma de represália às marcas originais, há até incentivo para o crime.
Várias reflexões surgem a respeito:
1 – o que passa na cabeça dos gestores plagiadores? Será que acreditam que o consumidor passará a experimentá-los em função da semelhança, ou seja, apostam na confusão para atrair clientes. Se for isto, abdicam totalmente dos conceitos do composto de marketing, pouco se importando com o produto, preço e distribuição ao apostar numa comunicação desleal e que deixa explícito o quanto avaliam mal a capacidade cognitiva do seu público-alvo.
2 – o que passa na cabeça dos consumidores? Será que realmente acham que estão comprando o produto original? Será que não conseguem se indignar com a forma com que são avaliados por estas empresas.
3 – o que passa pela cabeça das autoridades ao permitirem a pirataria? Será que não se importam em ter a imagem do país associada a práticas ilegais? Será que não bastam as sanções aplicadas também no campo esportivo por adotarem uma política que privilegia os resultados às regras, vide os inúmeros casos de doping detectados em seus atletas.
A justificativa de que estão em guerra evidentemente que não convence, mas mesmo que admitíssemos tamanho despautério, como ficarão estas marcas após o fim do conflito? Digo do conflito armado, pois é certo que os tribunais abrigarão inúmeros processos relativos aos plágios cometidos e de outros abusos que vão sendo cometidos em nome, supostamente, da guerra.
Generalizar a população ou até mesmo um grupo de atletas em função de práticas cometidas e incentivadas pelas lideranças é errado, porém, faz-se necessário buscar entender o que se passa na cabeça de tais líderes.





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