terça-feira, 27 de setembro de 2022

Federer - o melhor de todos os tempos

O anúncio da aposentadoria do tenista Roger Federer, apontado pela grande maioria como o melhor tenista de todos os tempos, causou certa apreensão no mundo do tênis em função do que ele representa  para a modalidade.
Ah, mas ele não é o tenista que mais conquistou títulos de Grand Slam, ah, mas ele no confronto direto tem mais derrotas do que fulano...
Esses e outros argumentos certamente serão utilizados pelos fãs de outros tenistas para contestar a afirmação de que o suíço é o melhor tenista de todos os tempos (GOAT - Greatest Of All Time), ok, mas lembramos que ser o melhor não significa ser invencível ou infalível.
Além do que, os pró-Federer poderão rebater com outras tantas estatísticas que só servirão para cada lado “achar que ganhou a discussão”.
Trazendo para o mercado corporativo, qual gestão corporativa é melhor? Aquela que aumenta receitas, a que ganha participação de mercado, a que aumenta a lucratividade, a que melhora o fluxo de caixa...a quantidade de métricas é vasta. 
Normal, a utilização de números a favor de suas convicções acontece em qualquer segmento da sociedade e na maior parte das vezes é inconclusiva.
Contudo, no caso do Federer, mesmo ciente da pouca eficácia da discussão, creio ser possível utilizar um conceito bastante utilizado no marketing, o da intangibilidade, e considerá-lo o melhor em função de uma particular convicção: a de que aquele que faz algo difícil, mas que aos olhos dos outros é percebido como fácil é alguém diferenciado e, quando essa mesma pessoa consegue resultados excelentes atuando dessa forma, apontá-lo como o melhor guarda grande dose de coerência.
Os movimentos e jogadas do Roger fazem com que qualquer espectador considere fácil jogar tênis, nenhum outro jogador executa movimentos tão elegantes e perfeitos. Elegância que se estende à postura pessoal dentro e fora da quadra, a qual referenda a tese de que para se fazer o julgamento acerca de quem é o melhor, é fundamental considerar o máximo de aspectos que formam um atleta.
A riqueza obtida pelo tenista, segundo alguns levantamentos, aponta para algo na faixa de 1 bilhão de dólares, apesar de relevante, o que chama mais atenção é que a maior parte desse valor advém de contratos e patrocínios, de forma que a premiação obtida pelos 103 títulos, 20 Grand Slams e 1251 vitórias equivalem a um percentual na faixa de 15% do total arrecadado através do tênis.
Marcas como Mercedes Benz, Lindt, Rolex, Net Jets, Moet Chandon, Rimowa, Barilla, Credit Suisse, Wilson e Uniqlo são algumas que entendem a importância de ter Federer como seu embaixador, pois reforça os valores que as posicionam. A propósito, muitos, se não a totalidade desses patrocínios continuarão vigentes mesmo após a aposentadoria, fato que agrega mais argumentos à nossa tese de ser ele o melhor tenista de todos os tempos.
Por fim, deve ser relatado o respeito e admiração dos principais rivais, tendo aqui como maior expoente Rafael Nadal que, apesar da rivalidade, sempre demonstrou prazer e reverência em jogar contra o suíço. Aqui peço licença poética para chamar o espanhol de o "outro melhor de todos os tempos", equiparação atingida pelos resultados e, principalmente, por suas lágrimas na despedida do amigo-rival.
Uma pena que esse dia tenha chegado, pois, embora seja um ciclo natural, a sensação de que não o veremos em quadra no próximo Grand Slam deixará, pelo menos por algum tempo, a sensação de que parte da graça acabou. 





4 comentários:

  1. Muito bom seu comentário, o Federer é o melhor de todos os tempos sim, pela postura de um verdadeiro campeão que sempre teve.

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  2. Excelente texto com informações relevantes. Parabéns Idel!

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