terça-feira, 6 de setembro de 2022

Serena - a maternidade e a carreira

Na 3ª rodada do US Open 2022, a tenista Serena Williams fez seu último jogo como profissional. Ao longo da sua carreira conquistou quatro medalhas de ouro olímpicas, 23 torneios de duplas, 73 de simples, incluindo 23 Grand Slams, ficando aqui a uma conquista de igualar o recorde da australiana Margaret Court.
Esse título que faltou em nada arranha a trajetória vencedora de Serena, mas a busca por essa derradeira conquista serve como pano de fundo para o que pretendemos abordar e provocar as devidas reflexões.
Seu 23º Grand Slam foi o Australia Open de 2017, quando tinha 35 anos e, soube-se depois, estava grávida. A interrupção para a gestação fez com que o retorno aos Grand Slams acontecesse em 2018.
Desde então participou de 14 desses torneios e ficou de fora de cinco. Chegou a três finais e foi eliminada na 1ª rodada em outros três. O quadro ao lado mostra sua trajetória sob essa ótica.
Será que se a gravidez fosse adiada, ela não teria igualado ou até superado o recorde de conquistas? É muito provável que sim!
Será que se tivesse ficado grávida mais nova, o número de títulos seria maior? Talvez!
Dúvidas a respeito do momento e da intenção em engravidar costumam acontecer a todo o momento, pois, ao contrário dos homens que voltam rapidamente às suas rotinas, as mulheres têm um retorno mais lento. Se ficar longe do filho é difícil sob qualquer circunstância, imaginem para quem ficou com ele nove meses no ventre e alimentou outros tantos.
A tentativa de conciliar o “emprego” de mãe com as outras atividades não é tarefa fácil. Sensações de remorso, preocupação com o desempenho em cada uma das funções, dúvidas sobre a recuperação física e certamente inúmeras outras que fogem ao conhecimento da maioria dos homens habitam o pensamento das mulheres.
Isso sem falar das inseguranças quanto ao que virá acontecer. Será que a empresa não vai privilegiar um homem para exercer determinado cargo, já que ele não fica grávido? Dúvida absolutamente pertinente e que receberá, infelizmente, como resposta a palavra “depende”. 
Sim, é triste e revoltante admitir que dependerá da cultura da empresa e dos seus líderes. Os incompetentes, de fato, priorizarão o curto prazo e focarão a entrega imediata, negligenciando a importância da diversidade, o lado humano e, principalmente, as qualidades que agregam valor independentemente da presença física integral.
Voltando à Serena Williams, sua saga para voltar à supremacia incontestável que ostentava até interromper a carreira é um ótimo exemplo de conduta. Mesmo tendo que superar os obstáculos da preparação pós-parto – onde teve complicações seríssimas -, o peso da idade, o surgimento de novos concorrentes e da gestão de seu tempo, a jogadora norte-americana não desistiu, tentou e quase conseguiu o título. Por outro lado, mostrou que a gravidez, independente do momento, é tão gratificante que eventuais frustrações esportivas, ou mesmo corporativas, são muito pequenas diante da dádiva e da responsabilidade de dar a vida a alguém.
Em tempo, é preciso registrar que a opção pela “não maternidade” é legítima e entendível. A intenção do texto foi mostrar através do exemplo de uma supercampeã que sucesso e maternidade não são situações excludentes. 







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