Creio que ninguém colocará em dúvida a importância do binômio razão-paixão para a condução de tudo em nossa vida, a grande questão que se faz presente é acerca da dosimetria de ambas, até porque a cada situação a calibragem precisa ser alterada.
Por mais que se preconize, por exemplo, que uma boa gestão corporativa deva ser exercida apenas com a razão, na verdade, a paixão precisa existir, pois é ela que aditiva a motivação e a superação, ressalvando que de modo algum pode vir a superar a razão.
Os que acompanham o futebol devem ter visto recentemente um desentendimento entre o CEO da marca de moda Reserva e o presidente do Fluminense Football Club. Sabe-se lá por qual razão, o CEO da empresa usou suas redes sociais para criticar uma atitude do clube e, para isso, se utilizou de fatos mentirosos tentando correlacionar a centenária instituição a atos de racismo, demonstrando um completo desconhecimento sobre a história dessa agremiação.
O clube imediatamente desmentiu as acusações e seu presidente rescindiu um contrato que tinha com a marca de roupas do citado CEO, abortando ainda outra negociação que estava em andamento com a mesma empresa.
Festival de paixões!
O CEO, por mais que tenha o total direito de expressar suas opiniões como cidadão precisa considerar que a separação entre pessoa física e jurídica é extremamente difícil e que eventuais interpretações equivocadas podem redundar em problemas que impactem os resultados e consequentemente afetem os acionistas e os colaboradores da empresa. Quando apela para mentiras, então, a situação se torna ainda muito mais grave.
É preciso entender que certos cargos deixam os ocupantes mais expostos e que eventuais opiniões pessoais podem respingar nas instituições que representam, principalmente em assuntos nos quais a racionalidade não costuma passar muito perto e numa sociedade onde as redes sociais agem como tribunais.
Vale registrar que o CEO da Reserva ao ser alertado do teor mentiroso de suas palavras se retratou dignamente.
Já o presidente do bicampeão carioca, ao decidir romper o contrato em função desta declaração, agiu de forma similar ao desprezar a razão que o levou a firmar compromisso, em tese, benéfico para o clube, para mostrar sua revolta com a atitude do CEO.
Mesmo reconhecendo que a paixão ainda faz parte do universo dos gestores de futebol, há que se encontrar um equilíbrio entre a defesa institucional do clube e sua saúde financeira.
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