A falta de resultados esportivos tem levado os clubes, na verdade, os dirigentes a encontrarem algum tipo de “vitória”, as quais na maioria ou totalidade das vezes, nenhuma relação têm com o objetivo principal da organização.
A bola da vez agora é o valor da camisa, que é calculado pelo somatório das supostas verbas de patrocínios.
Já foi tamanho de torcida, quantidade de sócio torcedor, faturamento anual, número de seguidores e, certamente, muitos outros surgirão. Indicadores legais e importantes de acompanhar, sem dúvida, assim como os que constam nos balanços e demonstrativos de resultados, mas que não vão fazer o torcedor sair às ruas gritando “é campeão”, ainda que indiretamente a saúde financeira seja uma ferramenta para esse fim.
Aliás, vale aqui louvar os bons jornalistas que se utilizam de fontes capacitadas para abordar as questões financeiras, até porque, grande parte da imprensa costumava dar voz aos clientes de assessores de imprensa ou aos que lhes privilegiam com estudos em primeira mão, estes quase sempre sofríveis. Registre-se que esse cenário não é exclusividade do futebol.
A crítica que faço, portanto, não é em relação às boas análises sobre os indicadores, mas à utilização desses números como uma forma de maquiar eventuais insucessos esportivos.
Pior, nem consideram que estão dando um tiro no pé, afinal se ganham tanto dinheiro, por que não vencem competições? Se têm tantos torcedores, por que não conseguem convertê-los em sócios?
Mais grave do que a miopia relatada acima é a utilização de números falsos. Os referentes aos patrocínios, então, é de uma desonestidade intelectual de causar inveja aos formuladores e propagadores de fake news no meio político.
O primeiro “equívoco” nesse caso aparece quando consideram como receitas a parte variável, a qual só virá se certas metas forem cumpridas. O segundo decorre do fato de que muitos desses novos patrocinadores não propiciam indícios de capacitação econômico-financeira para honrar esses compromissos. Não duvido que muitos desses contratos venham a ser rompidos antes do prazo estabelecido. Querem apostar?
Os leitores provavelmente devem estar indagando: todo esse discurso é para dizer que os clubes deveriam abrir mão desses “patrocinadores”? Não necessariamente, o que quero dizer é que seria importante para os clubes fazerem uma espécie de due diligence antes da efetiva assinatura. Ah, mas isso incorre no risco de afugentar um bom patrocinador e levá-lo para algum rival. Fato, mas também evita a associação com aventureiros.
Vale recordar que em 2016, o Fluminense renunciou a um excelente contrato com a Adidas para trocá-la pela Dry World, que ofereceu um valor totalmente incompatível com que o mercado pagava. Pois bem, o compromisso que teria a duração de cinco anos não durou nem um e, além dos prejuízos financeiros sofridos pelo campeão da Libertadores, trouxe inúmeros transtornos em termos de suprimentos.
Além desse caso, há vários outros que reforçam a preocupação com a capacidade/seriedade dos parceiros.
Creditar esses acordos “espetaculares” ao modelo associativo, não é de todo errado - afinal é usual que as gestões de clubes de futebol deixem e herdem legados problemáticos -, assim como também não deve ser ignorada a frequente necessidade de caixa dessas organizações. Todavia, limitar as falas e posturas mentirosas dos gestores que transitam no ambiente do esporte, mais precisamente do futebol, não é justo.
Cansamos de ver no ambiente corporativo, executivos vomitando números que estão totalmente fora da realidade, assim como vemos investimentos e acordos com empresas cujas chances de um final feliz é praticamente nula.
O golpe ta aí!
Muito bom. Vê-se que entende do assunto. Esclarecedor.
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirExcelente texto
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