terça-feira, 9 de dezembro de 2025

E o Mirassol, quem diria?

Ao fim do campeonato brasileiro de 2025, um fato chamou a atenção de todos: o desempenho do Mirassol, que disputou pela primeira vez a competição e terminou na quarta colocação, garantindo a vaga direta para a Libertadores 2026.
Teses sobre o sucesso não faltam, assim como também sobrariam no caso de insucessos. Engenheiros de obras prontas proliferam, faz parte...
Para não correr o risco de entrar nesta relação de “sábios”, opto por declinar da discussão sobre "a fórmula do sucesso" para focar na reflexão sobre o modelo de remuneração do clube, a qual pode ser derivada para inúmeros outros setores da economia.
Mas antes, vamos falar um pouco do clube. Fundado em 1925, o time fica no município paulista com o mesmo nome e integra a região metropolitana de São José do Rio Preto, distante 453 km da capital do estado. A população, segundo dados recentes do IBGE é de 65.811 habitantes, portanto, inferior à capacidade de estádios como Maracanã, Morumbis e Mané Garrincha.
Estima-se que o time teve a segunda melhor folha salarial do Brasileirão, sendo ela baseada fortemente na remuneração variável, que premia jogadores e comissão segundo resultados e objetivos.
Muitos defenderão que esta é "a fórmula do sucesso" e, certamente, evocarão bancos e outras corporações para fortalecer a tese.
De fato, é bem provável que tal política tenha contribuído para a motivação e o bom desempenho do time, entretanto, isso não significa que a remuneração é o único, tampouco, o maior fator de estímulo. A pirâmide de Maslow, que divide as necessidades humanas em níveis corrobora para esta conclusão.
A defesa incondicional do modelo, esquece de considerar que equipes e jogadores vivem num ecossistema dinâmico, onde aspectos como a retenção do profissional é bastante dependente do que o mercado oferta, de forma que a remuneração – valores e formas – precisa ser competitiva diante do que se apresenta.
Será que o Mirassol conseguirá manter seus jogadores sem ter que alterar de alguma forma a política salarial? Ou seja, tal modelo é sustentável no médio prazo?
No ambiente corporativo, é possível encontrar muitas empresas oferecendo bônus gigantescos, o que, aliás, foi responsável por muitos escândalos, vide o caso da Americanas.
Claro que só o fixo pode gerar acomodação, embora ache que a obrigação do profissional é dedicar esforço, independentemente, do que pode vir a receber. Além do que, principalmente no caso do futebol, pode parecer que o salário é para ter maus resultados e os bônus para bons. Há exagero e ironia na frase, alerto!
A discussão sobre o modelo é de suma importância e valia, mas creditar a excelente campanha do Mirassol exclusivamente a ele não parece correto. Simplesmente replicá-las para outras equipes ou mantê-la no caso do próprio Mirassol não é garantia de bons resultados.
A propósito, o River Plate anunciou que em 2026 a remuneração dos seus jogadores será constituída de 60% fixa e 40% variável.
A verdade é que fórmulas mágicas não existem nem na gestão, nem no esporte. Pessoas diferem entre si, as condições externas exercem influências que também variam em termos de impacto, enfim, o "copiar e colar" não se aplica. 
O segredo para uma boa gestão é se municiar de informações e ter um olhar que permita planejar e adaptar os conceitos adquiridos pelo conhecimento contínuo aos objetivos traçados dentro de uma realidade, cujos recursos são sempre finitos, independentemente do tamanho da instituição.





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