Trabalhar com marketing e não estar atento às mudanças que vem ocorrendo na sociedade é como querer obter bom desempenho esportivo sem a devida preparação.
Conjunturas sociais, as quais não vêm ao caso discutir, fizeram com que a idade média da população aumentasse, mais pessoas morassem sozinhas precocemente, fosse maior o número de mulheres que trabalhassem fora e o público homossexual crescesse.
As empresas mais estruturadas conseguem rapidamente se adaptar a essas novas particularidades e desenvolvem produtos para atender a esse novo cenário.
Embalagens que comportam menos quantidade de produtos foram idealizadas para os lares menores - tanto em função do consumo quanto da área de estocagem -, estabelecimentos de varejo que estendem seus horários para que as mulheres possam conciliar trabalho e lazer com as compras, produtos que são desenvolvidos para facilitarem a população que viverá mais e roteiros turísticos elaborados para o público gay são exemplos de iniciativas mercadológicos que acompanham a transformação da sociedade.
E o esporte? O que o esporte faz para capitalizar diante desses novos públicos?
Errou quem respondeu que não faz nada.
As competições de masters, dirigidas a um público formado por ex-atletas e praticantes que iniciaram mais tarde a relação com o esporte, proliferam em todo o mundo e em quase todas as modalidades esportivas.
O “World Masters Games”, por exemplo, é uma espécie de Jogos Olímpicos de masters e conta com uma presença considerável de praticantes, os quais não recebem nenhum apoio financeiro dos órgãos esportivos de seu país.
Geralmente são pessoas já estabelecidas profissionalmente que planejam suas férias com o objetivo de conciliar lazer e competição, e costumam levar a família, o que evidentemente contribui para aumentar a receita de produtos e serviços dos estabelecimentos das cidades que sediam o evento, além da própria arrecadação de impostos.
Numa competição como essa é possível encontrar ex-atletas, muitos dos quais medalhistas olímpicos, como é o caso de Gary Hall Jr., que tendo sido cortado da seleção americana de natação, prometeu bater o recorde mundial dos 50m livre na edição de 2005 em Edmonton, Canadá, fato que não aconteceu.
Hoje já existe também os Gay Games dirigido ao público homossexual, cujo perfil sócio-econômico encontra-se acima da média e a maratona de Nagoya, onde só correm mulheres.
Não sei ao certo se a criação desses eventos, e consequente direcionamento a nichos de mercado, levou em consideração estritamente os fatores mercadológicos, claro que esses devem ter tido alguma influência, entretanto, não se pode esquecer que até em função da eterna busca por competições mais justas, o esporte sempre promoveu segmentações por categorias baseadas no peso e na idade dos competidores.
Talvez essa característica tenha facilitado o processo de segmentação para públicos-alvos diferentes.
A título de curiosidade, vale citar que algumas provas de triathlon estabelecem premiações não apenas por faixa etária, mas também por categorias especiais, como por exemplo, moradores da localidade, profissões e até para competidores obesos.
Tais segmentações, desde que não sejam exageradas, são ótimas iniciativas para a popularização do esporte e socialização dos praticantes.
É importante, no entanto, que não haja nenhuma confusão entre segmentação e segregação, essa quase sempre vinda dos que se dizem segregados.
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