terça-feira, 2 de junho de 2015

E a corrupção não para...



Mais um escândalo veio à tona no esporte, agora envolvendo dirigentes da FIFA e respingando diretamente na CBF, em organizações de marketing esportivo e em empresas de material esportivo.
Os detalhes relativos aos aspectos legais deixarei para quem conhece opinar, me deterei aqui a situações que se fossem olhadas com a devida atenção já deveriam estar sendo investigadas há muito tempo.
Será que alguém em sã consciência acha que uma empresa do porte da Nike e uma confederação pentacampeã do mundo precisam de um intermediário para fechar um contrato de fornecimento?

Trazendo para o setor de varejo, guardadas as devidas proporções, seria como uma empresa do porte da Unilever colocar seus produtos no gigante Pão de Açúcar através de um atacadista, ou seja, totalmente desnecessário.
Argumentos de que a intermediação envolve a análise do contrato e o controle do mesmo são totalmente dispensáveis, a menos que queiram admitir que no quadro de colaboradores dessas organizações não existam profissionais capacitados. 


Se assim fosse, estariam trocando a acusação de desonestidade pela de incompetência, isso se não considerarmos que a admissão de profissionais despreparados por serem amigos ou “de confiança” também pode a vir a se caracterizar como desonesto, já que usa o dinheiro que não é do decisor para o pagamento do salário dos apaniguados.
Nessa mesma linha, penso que clubes de grande porte e empresas que se destacam no segmento que atuam, não precisam do tal do intermediário, ou para ficar mais “bonito”, de empresas de marketing esportivo para o trabalho de “aproximação”.
As empresas de marketing esportivo podem, e devem assessorar seus clientes no que tange aos aspectos que envolvam sinergia de posicionamento mercadológico, distribuição dos produtos, análises de viabilidade econômica e demais atribuições que envolvam conceitos ligados ao marketing em sua essência, ao varejo e a bens de consumo.
Peço desculpas aos que discordam, mas “apresentações” só fazem sentido, ao meu ver, quando em algum dos lados estão empresas entrantes naquele país ou confederações e clubes que não tenham como absorver em seus quadros, profissionais com a devida expertise.
Já que falei de clubes, vou narrar um fato que ilustra bem o que quero passar a respeito dos “intermediários”. Os nomes serão poupados.
Certa vez, um dirigente de um clube procurou uma empresa fornecedora de material esportivo para iniciar uma negociação. A conversa fluiu bem, mas o executivo da empresa não quis avançar na negociação, alegando outros focos naquele momento, porém reiterando o interesse em ter o clube em seu portfólio. Pois bem, meses depois, surgiu um “intermediário” representando a tal empresa que, pelo trabalho de aproximação do clube com o executivo - o mesmo que já havia sido contactado pelo dirigente do próprio clube - seria comissionado no caso de fechamento da operação.
O desenrolar do processo não vem ao caso narrar, mas posso adiantar que muitas pessoas do clube acharam o fato normal e quiseram seguir com a negociação, apelando, inclusive, para a máxima: “ se o clube for receber mais, vale a pena”, numa clara corruptela do famoso “rouba mas faz”.
Ou seja, as evidências de situações imorais estão ao alcance dos olhos de todos, porém a grande maioria acaba se eximindo de combatê-las por uma ou mais das seguintes razões: falta de crença de que seu esforço surtirá efeito, falta de coragem para suportar as consequências de se lutar contra o mal ou falta de caráter para discernir o que é honesto, correto e decente, afinal, muitos dos que hoje reclamam da “lava jato”, dos escândalos da FIFA e demais falcatruas expostas na mídia, o fazem por um único motivo: não são eles os beneficiados.






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