Às vésperas de renovar seu contrato com o São Paulo, o goleiro Rogério Ceni declarou que tinha total interesse em seguir no clube, porém não queria que esse vínculo estivesse relacionado a questões ligadas ao marketing, numa clara reação ao discurso do presidente que disse que o jogador seria importante nas campanhas do programa sócio torcedor.
Antes de continuarmos o texto, vale registrar a título de atualização que o contrato foi renovado – não sei o que consta nas cláusulas – e o goleiro participou na última semana de uma partida recreativa com sócios. Fato que pouco importa para o nosso objetivo, que é provocar a discussão sobre a utilização de jogadores e atletas em atividades não relacionadas às suas profissões.
Alguns consideram que a declaração inicial do Rogério Ceni foi errada, alegando que o profissional deve sempre estar disposto a prestar serviços ao clube, afinal de contas, a geração de receitas é que pagará os salários.
Outros tentaram ver que a fala teve um cunho mais relacionado à valorização dele como jogador, ou seja, ele queria que a decisão da renovação levasse em conta a sua capacidade técnica e não seu poder de persuasão como personagem de campanhas de marketing.
Vale reproduzir abaixo uma frase que o goleiro utilizou em sua justificativa:
“Tomara que venha sócio torcedor ao máximo possível. Mas, com esse negócio de sair para jantar, tomar café ou almoçar, a pessoa às vezes perde um pouquinho da noção e se equivoca com algumas coisas. Não tenho tempo nem para almoçar com meus filhos direito”.
Outros tentaram ver que a fala teve um cunho mais relacionado à valorização dele como jogador, ou seja, ele queria que a decisão da renovação levasse em conta a sua capacidade técnica e não seu poder de persuasão como personagem de campanhas de marketing.
Vale reproduzir abaixo uma frase que o goleiro utilizou em sua justificativa:
“Tomara que venha sócio torcedor ao máximo possível. Mas, com esse negócio de sair para jantar, tomar café ou almoçar, a pessoa às vezes perde um pouquinho da noção e se equivoca com algumas coisas. Não tenho tempo nem para almoçar com meus filhos direito”.
Se assim for, fica realmente difícil se engajar em campanhas para ajudar o clube que lhe remunera.
Isso não significa que algum sacrifício em prol do marketing não possa ser feito, porém, que fique claro que a utilização do atleta em “eventos” que não tenham relação com a sua preparação, diminui consideravelmente o poder de exigência e cobrança do gestor do clube quanto aos aspectos técnicos.
O que será que é mais importante para o torcedor, ter a possibilidade de almoçar com seu ídolo ou ver seu time vencedor?
Evidentemente, não dá para se saber qual a influência exata que uma falha em algum dos componentes do treinamento terá sobre a performance do jogador e nem as consequências dessa eventual atuação ruim sobre o resultado da partida.
Por outro lado, também é difícil mensurar o quanto uma campanha de marketing* conseguirá trazer de sócios para o clube, até porque, necessitaria que se expurgassem da avaliação variáveis que também influenciam a decisão, tais como o momento do time, a situação financeira do indivíduo e as perspectivas econômicas do país, entre outras.
Concluindo, acho coerente a argumentação do jogador, porém cabe ao clube considerar no cálculo sobre o salário a ser oferecido, quais são seus objetivos - esportivos e financeiros - , quantificá-los e, a partir daí, avaliar como a disponibilidade, responsabilidade, competência e características do jogador poderão contribuir para que o que se pretende seja alcançado, obviamente, que respeitando a capacidade de recursos e as possibilidades que o mercado pode oferecer.
Enfim, é indispensável que haja um planejamento minucioso - embasado em números e estimativas - com forte viés estratégico antes de se proferir ideias, desejos e, sobretudo, elaborar propostas contratuais.
*No caso do jogo promovido entre sócios que pagaram para poder jogar com o Rogério Ceni, o valor arrecadado foi mensurado e servirá como referência para futuras ações similares, no entanto, não é possível afirmar qual será o ganho marginal.
Ótima análise Idel.Eu como leigo em marketing, entendo que deve-se explorar melhor a imagem de jogadores importantes. Mas não acho que as ações propostas pelo Clube São Paulo estejam corretas. Imagino o Fluminense promovendo uma "pelada "com o Fred. Aproximaria mais ainda a torcida do clube? Não sei! Tenho minhas dúvidas.
ResponderExcluirAbraços.
Caro Alberto
ExcluirObrigado pelo comentário.
Não existe uma verdade absoluta no que concerne ao marketing.
Quando estive à frente do marketing do Flu, fui algumas vezes questionados por não utilizar os jogadores na frequencia que muitos tinham como expectativa.
Porém, esses não consideravam que o jogador, por mais importante que possa ser para trazer receitas de marketing para o clube, é contratado principalmente para das resultados esportivos, e dentro desse conceito, devemos buscar um equilíbrio que não prejudique seu desempenho e que também ajude o clube em suas ações.
Abraços