terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O esporte precisa de polícia?

As semifinais da Taça Guanabara de 2017 tiveram seus jogos realizados fora da cidade do Rio de Janeiro, ainda que os times que delas participaram fossem sediados na capital. O motivo da definição dos locais foi a orientação da Polícia Militar que, em função do carnaval, alegou não ter efetivo suficiente para garantir a segurança. Decisão que motivou uma série de críticas, as quais procuraram arrumar um responsável, ou no caso, culpado, tamanho o grau de beligerância contido nas reações.
Muitos apontaram as diretorias dos clubes como vilãs, alegando que não souberam defender os interesses das agremiações. Nesse grupo encontram-se os que não se informaram a respeito das razões, ou os que se informaram, mas por serem oposicionistas às gestões, preferiram criticar a situação.


Sobrou também para a Federação de Futebol do Rio de Janeiro que, sofrendo da antipatia natural que incide sobre as entidades esportivas, foi acusada de incompetente por marcar jogos em pleno Carnaval. Sem entrar no mérito da capacidade da FERJ, vale lembrar como exemplo que a NBA tem jogos no Natal e a Premier League nos dias 31 de dezembro e 1º de janeiro, ou seja, sabendo formatar o produto, a data festiva pode até ser um atrativo, visto a maior presença de turistas.
A Polícia Militar completa a relação de "culpados" em função de ter reconhecido que não estava preparada para promover a segurança.
Tamanha quantidade de alvos fáceis e “óbvios” esconderam o real responsável pelo ocorrido: a população.
Peço aqui desculpas antecipadamente pela generalização e também por não me aprofundar sobre a causa da população agir dessa forma, mas uma frase do governador Leonel Brizola ajuda a resumir a situação: “Sem a preparação do ser humano, não há desenvolvimento. A violência é fruto da falta de educação”
Se as brigas entre torcedores não fossem tão corriqueiras e violentas, se os foliões respeitassem a ordem pública, se os motoristas respeitassem as leis e assim por diante, o trabalho da polícia não necessitaria de grandes efetivos para a segurança desses eventos. Corrobora para essa conclusão, a greve de policiais que ocorreu recentemente no Espírito Santo, onde pudemos tristemente ver uma onda de saques e outros atos de violência pelo simples fato da polícia não estar nas ruas, ou seja, os envolvidos andam na lei pelo medo da punição e não por princípios.
No caso das brigas entre torcidas, a situação é ainda mais difícil de entender – ou não -, pois tais torcedores que dizem amar seus times só os prejudicam agindo dessa forma. Isso pode ser mais bem entendido se analisarmos alguns aspectos ligados ao desempenho técnico e financeiro dos clubes.
Não há a menor dúvida que o deslocamento e a atuação em estádios menos confortáveis comprometem o desempenho esportivo, e não apenas nos jogos em questão, mas também ao longo da temporada.
Além disso, jogos em localidades distantes costumam trazer uma receita menor de bilheteria e prejudicam o processo de adesão e/ou retenção do sócio torcedor que, por não poder usufruir das vantagens relativas aos ingressos, se desinteressa pelo produto.
O patrocinador, por sua vez, desiste de investir com o receio de ver sua marca na camisa de torcedores sendo presos ou brigando.
Há ainda a possibilidade de a violência impactar até na venda de camisas oficiais, visto o temor de ser agredido covardemente por estar com ela vestido, fato que implica em receitas menores com royalties.
Isso sem falar nos reflexos que os jogos com torcida única, sugeridos por muitos, podem trazer na atratividade da modalidade e crescimento de torcida.
Diante desse cenário, só resta concluir o artigo com uma frase de Martin Luther King: “Inteligência e caráter: eis o objetivo da verdadeira educação”.


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