terça-feira, 14 de maio de 2019

O perigo das enquetes



Nos jogos transmitidos pela Globo foi instituída uma “votação” online para se eleger o craque do jogo. 
No último domingo foi eleito o goleiro Sidão, cuja atuação não foi boa naquela partida, o que denotou claramente que o resultado era fruto de uma ironia orquestrada, na qual as redes sociais também tiveram sua dose de contribuição, fato que causou uma situação bastante constrangedora tanto para o jogador como para a jornalista que entregou o prêmio ainda no campo de jogo. 
Lendo e ouvindo os comentários sobre o assunto foi possível até identificar que uma gama considerável de pessoas se posicionou contra a Globo, alegando que ela, ao perceber o deboche, deveria ter abortado a iniciativa e não premiado o goleiro. 
Posição que discordo, pois a mudança de critério no meio da votação caracterizaria uma situação de casuísmo nociva à credibilidade da instituição, que se utiliza da votação popular como um componente de conteúdo em  vários de seus programas.
O erro da Globo, na minha opinião, foi considerar esse tipo de votação como uma plataforma válida para avaliação de performance. 
Erro, inclusive, que é cometido em vários setores da atividade econômica em ações ditas promocionais. Adianto que não tenho nada contra sua utilização, desde que as expectativas estejam ajustadas e que se deixe clara a fragilidade estatística da ferramenta. 
Vale também esclarecer que, apesar das críticas aqui serem direcionadas às enquetes, as mesmas podem ser aplicadas às pesquisas com amostras mal dimensionadas e metodologias pouco confiáveis, visto que mesmo possuindo, em tese, maior significância, a avaliação quanto à fidedignidade é bem mais difícil, pois, além da grande incidência de institutos pouco “corretos”, há também a possibilidade do contratante não saber o que quer nem tampouco ser capacitado para avaliar os questionários elaborados e os resultados apurados. 
Registre-se que os problemas mencionados sobre as pesquisas não se restringem ao esporte e/ou à política. Infelizmente é muito mais comum do que se imagina a incidência de pesquisas contratadas por quem não domina o assunto e, pior, que pouco efeito prático trazem para a instituição contratante.
Quanto à “ação” da Globo, a emissora divulgou um comunicado reconhecendo o problema e alterando a forma da promoção. Agora incluirão a avaliação dos comentaristas na escolha, uma medida inteligente que não inibe o engajamento almejado, mas acrescenta um “filtro” para evitar problemas causados por enquetes.




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