Quem nunca pensou em
algum momento da vida abdicar do trabalho que exerce para dedicar seu tempo
e energia em alguma atividade que lhe pareça, pelo menos naquele momento, mais
prazerosa?
O pouco tempo dedicado à família e ao lazer, as relações conflituosas com chefes e demais
colegas, os prazos aparentemente impossíveis de serem cumpridos e as cobranças
cada vez maiores por resultados são algumas das reflexões que chegam à mente.
Nesse balanço surgem como fatores “equilibradores” a remuneração - que mesmo
que cause alguma insatisfação é certa e permite o cumprimento dos compromissos - e a insegurança em relação ao futuro sem aquele emprego.
Dilema interessante
que, dependendo do momento, tende para alguns dos lados, mas que na maioria das
vezes deixa o profissional inerte.
Muito provavelmente
quem chegou a esse ponto do artigo deve estar pensado em sua carreira e que essas
reflexões não aconteceriam se fosse um atleta profissional bem remunerado, por
exemplo, já que estaria fazendo o que gosta.
Para confrontar esta
suposta ilusão temos o caso do norte-americano Chase Budinger, ex-jogador da
NBA, onde defendeu equipes Houston Rockets, Minnesota Timberwolves, Indiana
Pacers e Phoenix Suns, além de ter jogado no basquete espanhol, que com 28 anos de idade resolveu largar as quadras pelo voleibol de praia e hoje
disputa o circuito mundial almejando uma vaga nos Jogos Olímpicos de 2020.
Budinger abriu mão de
uma significativa remuneração e fama, mas continuou no esporte praticando uma atividade onde o estilo de vida lhe parece mais agradável e
as contusões são menos frequentes, ainda que as rotinas de treinos sejam rígidas. Torna-se
importante acrescentar que na adolescência o norte-americano praticava as duas
modalidades, porém as conjunturas da época – no caso a possibilidade de cursar
uma universidade – o direcionou para o esporte da bola laranja.
Algo que também se
aplica na vida corporativa, na qual as oportunidades muitas vezes direcionam o
profissional para algo que não possua a necessária convicção.
Vale também esclarecer
– ou lembrar – que é possível gostar do seu próprio trabalho, no entanto não se
pode ter a expectativa de que tudo seja as mil maravilhas em 100% do tempo. Na
prática, o que costuma ocorrer é que os momentos de insatisfação são
interpretados como maioria e os de satisfação ignorados, quando, na verdade, a
proporção é certamente diferente, ainda que os ruins possam eventualmente ser maiores em
algum período.
Em minha opinião, a
decisão quanto aos rumos da carreira está muito mais relacionada à
personalidade do decisor do que
propriamente a uma análise criteriosa do mercado, até porque é muito difícil
ter isenção quando sentimentos e anseios se fazem presentes de forma tão
expressiva.
Para
concluir, uma frase do chinês Confúcio se faz oportuna neste tema: “escolha um
trabalho que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida”.
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