A vida e a morte de Diego Maradona nos colocam diante de uma situação bastante interessante pelo prisma de marketing e do próprio esporte.
Como um sujeito com a vida recheada de polêmicas envolvendo drogas, confusões e jogadas ilegais, entre outras, pode ser tão idolatrado?
Se formos analisar suas atitudes, chegaremos à conclusão que o craque argentino esteve longe daqueles personagens que recheiam filmes açucarados, contos de princesa ou mesmo de um modelo para os pais mostrarem aos filhos, ainda que sua humildade e valorização à amizade sejam dignos de registro.
Maradona nunca quis ser um personagem, embora tenha sido, as características que o compuseram foram sua irreverência, autenticidade e intensidade, as quais deixavam transparentes seus defeitos e falhas.
Chegamos assim numa discussão interessante para os que trabalham ou gostem de marketing.
Vemos por um lado várias marcas adotando o que chamamos no meio de storytelling, que vem a ser a narrativa de uma história, muitas vezes fantasiosas, sobre um produto ou serviço, de forma a atrair e reter a atenção do mercado, além de fortalecer o conceito e o posicionamento da marca.
Como exemplo, pegaremos a água mineral Fiji Water, vendida nos EUA, que é extraída de uma cratera vulcânica em Fiji, o que a posiciona como detentora de propriedades únicas que fazem bem à saúde. Seu preço equivale ao dobro do praticado pela concorrência, valor que é justificado pelos investimentos em melhorias na infraestrutura para a população do local. Em resumo, criaram um posicionamento de qualidade para a água – em tese, uma commodity – e dão ao consumidor outra boa razão para comprá-la: a ajuda humanitária.
No outro lado, temos as marcas que optam por explorar a realidade dos fatos e, dessa forma, ter uma relação mais direta e objetiva com seu público.
Ilustra bem essa forma de condução a marca Dove, cuja campanha “Real Beleza de Dove”, como o próprio nome já diz, enaltece o conceito de valorização da realidade, utilizando como modelos mulheres que fogem dos padrões habituais de beleza tão frequentes nos comerciais de cosméticos. Pesquisas da marca apontaram que 71% das mulheres e 67% das meninas gostariam que a mídia retratasse mulheres de aparência física diversa em termos de raça, idade, forma e tamanho.
E nesse ponto podemos fazer um paralelo com o jogador argentino, pois, provavelmente sua espontaneidade remeta todos nós a um processo de lembrança e aceitação sobre o quão imperfeitos somos, porém, por questões que não cabem ao marketing explicar, procuramos esconder e/ou disfarçar.
A discussão sobre qual dos conceitos é o melhor, equipara-se à que certamente inunda as redes sociais a respeito de quem é/foi melhor jogador.
Não há uma resposta conclusiva, visto depender de uma infinidade de variáveis e, ainda que todas pudessem ser contempladas, haveria o fator “opinativo”, na maioria das vezes tendencioso.
Seria interessante você como estudioso do marketing esportivo analisar a figura do esportista mais em evidência no mundo que é sem duvida super campeão Lewis Hamilton. Um fenômeno de marjeting que ele sabe projetar como poucos. O piloto genial, o menino pobre e preto, as posições políticas, ambientais e racistas formam um conjunto de fatores que seria interessante ver analisado por você. Maradona é um fenômeno do tragico lado argentino. Um tango que foi mal executado. Parabéns pelo texto
ResponderExcluirObrigado pelo comentário!
ResponderExcluirVou ler um pouco sobre o Hamilton, confesso que não acompanho muito a F1.
Abs