terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Na contramão do marketing

O conturbado momento pelo qual passa o mundo em função da pandemia, além de privar as pessoas das atividades que normalmente desempenhavam no passado, tem trazido reflexos para as áreas de marketing das empresa, principalmente no que tange à realização de eventos.
As restrições impostas pelas autoridades, aliadas às campanhas para se evitar as aglomerações, estão exigindo das marcas bastante criatividade para estarem presentes aos públicos que elegem como alvo.
Por mais que outras ações ajudem no fortalecimento institucional, tais como as doações voltadas ao combate da pandemia, há, sem dúvida, a necessidade de se estar perto dos olhos e mentes dos consumidores, inclusive como forma de integrar os esforços institucionais.
Assim como a população está ávida para poder voltar ao normal - o qual não é velho nem novo - as marcas também querem colocar em prática as iniciativas de marketing planejadas, visto estas fazerem parte de um plano de ação voltado ao atingimento das metas estabelecidas.
Temos visto muitas empresas acompanhando a situação da pandemia e, baseadas nela, realizando mais ações virtuais do que presenciais, equacionando assim suas necessidades de marketing com o respeito ao momento.
Outras, infelizmente, optaram por produzir eventos que, talvez, agradem aos que deles participem, mas que vão ao sentido contrário do bem da sociedade.
Exemplifica esse tipo de postura a ação que a Red Bull realizou sábado passado – 19/dez/20 – ao colocar estacionado um veículo com DJ e promotores distribuindo seus energéticos no Parque Nacional da Tijuca, local considerado como um verdadeiro paraíso para a prática de atividades físicas.
O ponto escolhido para a ação não poderia ser melhor, pois fica exatamente ao final dos trechos mais difíceis, onde geralmente os corredores e ciclistas param para esperar os colegas de treino e/ou contemplar a vista. Que vista! Assim, nada mais agradável do que receber gratuitamente uma bebida gelada ao som de música ao final de um desafio, lembrando que durante o percurso a opção de se comprar alguma bebida é quase nula.
Sem entrar novamente no mérito do incentivo à aglomeração, deve ser acrescentado à narrativa que o acesso ao local está proibido para veículos motorizados. Dessa forma, a menos que o citado veículo tenha sido abastecido com o energético que, segundo a publicidade da marca, dá asas para quem bebe, ficamos diante de uma situação em que o motorista se aproveitou do horário sem vigilantes para entrar no parque.
É difícil acreditar que uma empresa tão bem reconhecida no que tange ao marketing e que conseguiu transformar sua marca em um estilo de vida, tenha sido capaz de cometer tais desrespeitos. A hipótese de ser uma atitude negacionista dos gestores não me parece razoável, sendo mais aceitável supor que tenha sido uma ação isolada e sem a anuência dos responsáveis pelo gerenciamento estratégico da marca, o que minimiza o problema quanto à avaliação da excelência da área de branding, mas deixa evidente que os processos de delegação e/ou contratação precisam ser aprimorados.
Com os votos antecipados de um Feliz Natal, desejo a todos muita paz e respeito à vida.








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