terça-feira, 2 de novembro de 2021

Os superpoderes dos patrocinadores

A demissão do jogador de vôlei Maurício, fato que teve como causa uma postagem sua sobre o filho do Superman, a qual foi acusada de homofóbica, vem rendendo inúmeros debates. O incidente, embora péssimo para o esporte, é bastante rico para reflexões sob o prisma de marketing e gestão.
O primeiro questionamento a ser feito diz respeito à ingerência dos patrocinadores, nesse a caso a Fiat e a Gerdau, afinal, até que ponto eles devem intervir em contratações e dispensas de jogadores? Creio que nunca, no que tange aos aspectos de performance esportiva, porém sempre quando se tratar de proteger a marca.
Alguns poderão alegar que uma expressiva quantidade de pessoas concorda com o jogador, e dessa forma, a marca desagradou tal contingente. Particularmente, não creio que a discussão deva descambar para o lado de agradar a maioria, mas sim para a questão de estar em conformidade com as melhores práticas ambientais, sociais e de governança. Todavia, a possível dúvida sobre qual decisão tomar nos conduz a um ponto que deveria ser olhado com mais atenção nos dias atuais: o comportamento nas redes sociais.
A exposição de um ponto de vista publicamente implica no risco de provocar debates inflamados, risco que aumenta exponencialmente quando o assunto é polêmico. Partindo dessa condição, penso que os atletas deveriam refletir bastante antes de se manifestarem nesses meios, pois as consequências acabam respingando nos patrocinadores, que são de fundamental importância para o esporte, ou seja, é preciso avaliar bem se a vontade de se expressar compensa o risco de afastar as empresas do esporte.
Voltando ao caso do voleibol, os patrocinadores ficaram numa situação bastante delicada, dado que se optassem pela permanência do atleta teriam a oposição dos que são contra, sendo a recíproca verdadeira. O que fazer?
Lembrando que a cobrança junto aos patrocinadores tem sido uma prática bastante comum quando surgem situações polêmicas envolvendo atletas.
Não duvido que passe pela cabeça dos gestores destas empresas rescindir os respectivos contratos ou não renová-los, pois dessa forma estarão livres de passarem por tais tipos de  constrangimento.
Talvez grande parte das pessoas não entenda que um dos objetivos do patrocínio esportivo é associar a marca aos nobres valores que o esporte proporciona, portanto, é mandatório que a atividade fique longe de polêmicas e escândalos. Além do que, a tarefa de “vender” internamente esse tipo de investimento em detrimento às ações tradicionais de marketing não é das mais fáceis, o que deixa o patrocínio esportivo ainda mais frágil.
Por fim vale comentar o expressivo incremento no número de seguidores do atleta,  o que certamente é fruto de sua maior popularidade e contribui para aumentar a cobertura de sua comunicação, no entanto, é preciso alertar que quantidade de seguidores não significa necessariamente número de admiradores, assim como não se traduz em número de clientes no caso de empresas ou de eleitores em eleições.
De forma proposital, o artigo não se posicionou sobre o suposto ato para não distorcer o objetivo do blog que é discutir gestão e marketing sem arroubos emocionais.




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