O presente texto estava escrito desde o início do Big Brother Brasil 22, mais precisamente após a confirmação da participação do atleta Paulo André, um dos velocistas mais talentosos que o Brasil já teve.
O tempo foi passando, o corredor foi ficando, até que alcançou a final, mas não ganhou o prêmio máximo de R$ 1,5 milhão, o qual, talvez, compensasse o período em que ficou sem treinar e teve a preparação como atleta prejudicada.
Ah, mas ele ficou famoso. É verdade! Baseado no histórico de outros participantes, vale indagar: quantos mantiveram a fama por tempo suficiente para remunerá-los através de presenças em eventos ou mesmo de publicidade? Aliás, até que ponto, a presença nas atividades citadas acima não irá prejudicar ainda mais o treinamento? Não custa lembrar que treinamento não se resume às sessões da prática da modalidade, mas também à alimentação e ao descanso.
Ah, mas ele aumentou o número de seguidores nas redes sociais, fato que nunca aconteceria se não tivesse participado do programa. E daí? Número de seguidores paga as contas? Pode até ser que em um primeiro momento algumas despesas venham a ser amortizadas em razão das permutas e de posts publicitários, mas por quanto tempo?
Ah, mas como atleta ninguém pode garantir que ele teria sucesso, afinal poderia se contundir. É verdade, mas antes de proferir tal alegação seria seguro tentar confrontar o percentual de atletas talentosos que tiveram as respectivas carreiras prejudicas por problemas médicos contra os que tiveram como causas a pouca dedicação ao esporte. É bem provável que desistam de sustentar tal argumento.
Por mais que o texto tenha como tônica a crítica em relação à decisão do rapaz e/ou de seus gestores de carreira, temos que entender dois pontos cruciais: (i) que é muito difícil podar um jovem da possibilidade de pegar “atalhos” para alcançar seus objetivos, sendo a fama e a grana parte deles; (ii) que as modalidades olímpicas brasileiras têm sua percepção de atratividade claramente em desvantagem quando comparadas com programas de televisão. “Ser artista” aparenta ser mais interessante do que “ser atleta”.
Quanto ao primeiro ponto não cabe discussão, apenas uma boa educação familiar é capaz de mitigar tais ímpetos. Já o segundo nos coloca diante de um bom tema para reflexão e também de um desafio para os gestores que atuam nas áreas de marketing do esporte: como incorporar atributos que coloquem o esporte em clara vantagem competitiva quando comparado com outras atividades?
O tempo foi passando, o corredor foi ficando, até que alcançou a final, mas não ganhou o prêmio máximo de R$ 1,5 milhão, o qual, talvez, compensasse o período em que ficou sem treinar e teve a preparação como atleta prejudicada.
Ah, mas ele ficou famoso. É verdade! Baseado no histórico de outros participantes, vale indagar: quantos mantiveram a fama por tempo suficiente para remunerá-los através de presenças em eventos ou mesmo de publicidade? Aliás, até que ponto, a presença nas atividades citadas acima não irá prejudicar ainda mais o treinamento? Não custa lembrar que treinamento não se resume às sessões da prática da modalidade, mas também à alimentação e ao descanso.
Ah, mas ele aumentou o número de seguidores nas redes sociais, fato que nunca aconteceria se não tivesse participado do programa. E daí? Número de seguidores paga as contas? Pode até ser que em um primeiro momento algumas despesas venham a ser amortizadas em razão das permutas e de posts publicitários, mas por quanto tempo?
Ah, mas como atleta ninguém pode garantir que ele teria sucesso, afinal poderia se contundir. É verdade, mas antes de proferir tal alegação seria seguro tentar confrontar o percentual de atletas talentosos que tiveram as respectivas carreiras prejudicas por problemas médicos contra os que tiveram como causas a pouca dedicação ao esporte. É bem provável que desistam de sustentar tal argumento.
Por mais que o texto tenha como tônica a crítica em relação à decisão do rapaz e/ou de seus gestores de carreira, temos que entender dois pontos cruciais: (i) que é muito difícil podar um jovem da possibilidade de pegar “atalhos” para alcançar seus objetivos, sendo a fama e a grana parte deles; (ii) que as modalidades olímpicas brasileiras têm sua percepção de atratividade claramente em desvantagem quando comparadas com programas de televisão. “Ser artista” aparenta ser mais interessante do que “ser atleta”.
Quanto ao primeiro ponto não cabe discussão, apenas uma boa educação familiar é capaz de mitigar tais ímpetos. Já o segundo nos coloca diante de um bom tema para reflexão e também de um desafio para os gestores que atuam nas áreas de marketing do esporte: como incorporar atributos que coloquem o esporte em clara vantagem competitiva quando comparado com outras atividades?
Melhor remuneração é, sem dúvida, uma das formas, mas como dinheiro não dá em árvore é necessário elaborar um trabalho que atraia patrocinadores para o esporte – e não apenas seguidores -, o marketing não pode ser visto como um mero instrumento para a caça de curtidas e de “followers”. Posicionar as devidas modalidades e o esporte de forma geral também é fundamental, fortalecer os nobres atributos que a atividade tem como formador de pessoas no que tange a princípios e valores precisa ser trabalhado a ponto de a família preferir sonhar para seus filhos uma vida majoritariamente saudável, onde os méritos sejam recompensa da dedicação, do que uma regada a ócio, festas e bebidas. Observem que não se preconiza aqui o radicalismo, até porque os momentos de lazer são primordiais para “alimentar” a disciplina.
O fato ocorrido com o Paulo André não é inédito, ele ocorre frequentemente, só que sem a mesma divulgação/repercussão, pois, poucos atletas têm tamanho potencial e o programa de TV que ele participou possui características diametralmente opostas às do esporte.
O fato ocorrido com o Paulo André não é inédito, ele ocorre frequentemente, só que sem a mesma divulgação/repercussão, pois, poucos atletas têm tamanho potencial e o programa de TV que ele participou possui características diametralmente opostas às do esporte.
Excelente texto Idel. Reflexão necessária que auxilia aponta fatores pouco considerados por atletas e gestores.
ResponderExcluirMuito obrigado! Abs
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