terça-feira, 9 de agosto de 2022

Omo, Hellmann's...

Se propusermos um exercício ao leitor acerca das semelhanças que as marcas citadas no título guardam entre si, certamente não haverá muitas surpresas. São marcas facilmente encontradas no setor varejista, produzem itens de reconhecida qualidade e pertencem à Unilever. 
O que talvez possa passar despercebido é que ambas fizeram movimentos que incorporam serviços a elas, até então reconhecidas como estritamente de produtos.
A Omo, marca voltada à higiene e limpeza, tem investido em modelos de lavanderias através da compra de redes, da franquia de unidades e da instalação de máquinas de lavar em condomínios, seguindo, nesse caso, o conceito do compartilhamento cada vez mais presente nos dias atuais. 
Nesse processo de acompanhar tendências, a marca também oferece sistemas de assinaturas para incrementar as receitas recorrentes e utiliza equipamentos que privilegiam a sustentabilidade em termos de dispêndio de água e energia.
Com essas iniciativas a Omo fortalece a associação de seu produto à limpeza, aumenta a exposição da marca e ganha participação de mercado. Esse último ponto é, no meu modo de ver, o mais genial, pois, ao incentivar a lavagem de roupas fora de casa em suas "lojas", tira do cliente a opção de comprar produtos da concorrência, ou seja, a ação se dá mandatoriamente com os produtos Omo.
Já a Hellmann’s, marca mais conhecida em função de suas maioneses, lançou recentemente uma hamburgueria em versão digital, na qual incorpora ao cardápio idealizado por renomados chefs sua gama de molhos. Dessa forma, associa seus produtos às melhores receitas e constrói relacionamentos com clientes que, muitas das vezes, não frequentam os pontos de vendas onde os produtos Hellmann’s estão disponíveis. Acrescente-se a isso, o fato de poder ofertar todo seu portfólio -  o que muitas vezes não é possível no varejo em função da concorrência que briga por espaço e verba de compras -, e cria mais um ponto de contato que permite obter de forma rápida feedbacks sobre seus produtos.
Há espaço aqui para argumentar que, ao contrário da Omo, onde o cliente que usa a lavanderia estará obrigatoriamente consumindo o sabão em pó e o amaciante da marca, no caso do hambúrguer, por ser consumido em um ambiente não controlado pela Hellmann’s, existe a possibilidade de se agregar molhos de outras marcas, fato que, mesmo sendo factível, em nada atrapalha os objetivos definidos para a iniciativa.
Sem acesso aos valores de investimentos, custos e receitas com vendas, não temos como avaliar os retornos das operações citadas, mesmo porque, há aspectos a serem considerados que não constam nos demonstrativos de resultados como os relativos ao fortalecimento das marcas e interação com os clientes, entre outros, porém, não restam dúvidas que ambas as iniciativas se apresentam bem coerentes e com foco no mercado.
Para dar respaldo a essa opinião, vale mencionar que algumas marcas de luxo como Gucci e Louis Vitton também partiram para a linha de serviços abrindo restaurantes em localidades como Saint-Tropez e Beverly Hills.










2 comentários:

  1. Muito bom Idel! Parabéns pela análise.As iniciativas ao meu ver são Disruptivas e abrem novas oportunidades de se conectar com seus clientes.

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    1. Obrigado, Gustavo!
      O ponto interessante no caso do Omo foi ter criado um cenário em que blinda a concorrência.

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