Entre as inúmeras mudanças que a sociedade vem passando em função da popularidade das redes sociais, há uma que vale aqui ser analisada mais detalhadamente por ter forte relação com o marketing: a utilização dos influenciadores.
Importantes para as marcas? Se bem escolhidos, sim, pois, conseguem falar com o público objetivado sem a dispersão usual das mídias tradicionais, com uma mensagem mais facilmente assimilada por esse público e, não menos importante, com custos menores. Por mais que alguns influenciadores recebam um valor avaliado como alto pelos que não são remunerados por essa função, tais gastos ficam mais em conta do que o que seria gasto na maioria das mídias que envolvem produção, agência, veiculação, cachê etc.
Mas o que significa “bem escolhidos”? Seria uma seleção de influenciadores cujo processo se baseiea em métricas que avaliem número de seguidores, engajamento e aderência ao perfil de público objetivado. Resposta aparentemente óbvia.
Faltou esclarecer como conseguir seguidores e engajamento. Então, vamos lá, "há várias possibilidades..."
A resposta acima - "há várias possibilidades" - é um exemplo de como não conseguir seguidores, tampouco engajamento, sabem por quê? Porque não é isso que um seguidor do Instagram, por exemplo, quer ler/ouvir. Ele quer fórmulas infalíveis para o suposto sucesso, linguagem acessível, se sentir íntimo do influenciador, não precisar refletir muito acerca do que ouve e nem ler grandes textos, enfim, ele quer ter uma resposta assertiva e direta sem divagações.
Alto lá, essa descrição pode passar a percepção de que os “seguidores” não possuem grandes qualificações culturais e/ou intelectuais, o que não seria verdade. Esse, aliás, é um dos perigos da generalização.
A ideia da reflexão proposta não é traçar perfis, tampouco julgar quem quer que seja, mas, sim, mostrar o quão ávidas as pessoas estão por soluções infalíveis e por ambientes onde as preocupações e angústias do cotidiano possam ser deixadas de lado por algum tempo ao se distrair com uma espécie de série ou novela estrelada por pessoas "comuns" sempre sorridentes.
Quer dizer então que esses influenciadores são excelentes em marketing? O pior é que a pergunta pode até fazer sentido, afinal, encontrar um público-alvo que se interesse pelo produto que oferta – no caso o próprio influenciador -, manter esse produto atrativo, fazê-lo chegar aos clientes e gerar dinheiro de forma rentável e recorrente tem tudo a ver com marketing. Só não vou afiançar o julgamento, por entender que para ser excelente em marketing é imprescindível estudá-lo, ter experiência e capacidade para aplicá-lo a qualquer produto ou marca, o que não parece ser o caso.
Ilustra a afirmação anterior a conta no Instagram de Philip Kotler, efetivamente uma das maiores, se não a maior, referência em marketing do mundo, cujo perfil tem “apenas” 24 mil seguidores. Ainda que o conteúdo dele ali não tenha o fim de atrair seguidores, provavelmente também não lograria êxito caso usasse esse tipo de plataforma para passar seus conhecimentos. Esse raciocínio coloca por terra a tentativa de correlacionar ser “bom de marketing” com engajamento, ressalvando que não são condições excludentes.
O que quero dizer é que se Kotler fosse usar o Instagram para falar de marketing, ou mesmo um renomado médico o fizesse para falar de medicina, eles provavelmente frustrariam os "poucos" seguidores por não serem definitivos em suas colocações, visto entenderem que “conclusões” carecem de diagnósticos e que soluções "gerais" não costumam existir.
Vale, por fim, registrar que o artigo, apesar de guardar bastante relação com a geração Z, é extensivo à sociedade de forma geral, visto que os hábitos acabam geralmente sendo integrados entre as gerações que convivem entre si.
Bom dia. Eu uso influenciadores nos meus eventos.
ResponderExcluirBom dia! Tem sua utilidade
ExcluirExcelente texto! Acompanhei uma inflenciadora por um tempo, pois era minha aluna e ao ler seu texto fiquei impressionado com tuas descrições. Acertastes em tudo. Show!!!
ResponderExcluirMuito obrigado, Mestre!
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